Inclusão no Mercado de Trabalho Pode Transformar a Vida de Pessoas Trans
No Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro, profissionais do setor de comunicação falam sobre o impacto positivo que o mercado de trabalho pode ter na vida das pessoas trans. Esta data é importante para promover o respeito e conscientizar a população sobre os desafios enfrentados pela comunidade trans.
Além da sobrevivência – considerando que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, conforme dados da Rede Trans Brasil – o grande desafio para muitas dessas pessoas é a empregabilidade. Tradicionalmente, o mercado de trabalho não é fácil para a maioria dos brasileiros, mas, para a comunidade LGBTQIA+, especialmente para pessoas trans, a situação é ainda mais difícil.
De acordo com a empresa To.gather, que estuda a diversidade nas empresas no Brasil, apenas 4,5% dos trabalhadores são LGBTQIA+, e esse número cai ainda mais para 0,38% quando falamos de pessoas trans.
Tai Reis, diretor de arte da AKQA Casa, fala sobre os desafios que enfrentou ao anunciar sua transição no mercado de trabalho. Apesar de ser publicitário e já trabalhar na área, ele tinha medo de se assumir publicamente. “Embora as agências onde trabalhei tenham me recebido bem, essa situação me causava muito estresse”, compartilha.
Gabriela Messias Mendonça, executiva de contas na Galeria, também relata sua experiência, dizendo que foi uma das poucas pessoas trans nas agências em que trabalhou. “Hoje, estou em um ambiente com mais pessoas trans, em diferentes áreas da agência, e vejo que a inclusão está crescendo”, destaca.
Apesar do número ainda baixo de pessoas trans no mercado formal, há um avanço visível. Guilhermina de Paula, fundadora da OcupaTrans, projeto que visa promover a inclusão de pessoas trans, observa que setores como criação, redes sociais e recursos humanos estão oferecendo mais oportunidades.
A inclusão no mercado de trabalho vai além da estabilidade financeira. Gabriela comenta que, ao ter um emprego, pode viver de forma digna, planejar o futuro e realizar sonhos simples, como viajar ou comprar coisas para si. “O trabalho me dá a possibilidade de viver como qualquer ser humano merece”, afirma.
Além disso, a inclusão oferece segurança, o que é fundamental para reduzir a marginalização das pessoas trans, que muitas vezes enfrentam dificuldades para encontrar trabalho digno. Guilhermina ressalta que, para quem não teve os mesmos privilégios de acesso, a dificuldade de se manter no mercado de trabalho é ainda maior.
No entanto, tanto Guilhermina quanto Gabriela destacam que, nos últimos tempos, o mercado de trabalho tem diminuído o foco na inclusão. Para Gabriela, as empresas ainda precisam ir além de contratar pessoas trans; é necessário capacitar e criar ambientes de trabalho inclusivos, com acompanhamento contínuo.
Tai Reis também reforça a importância de um tratamento horizontal e de políticas de inclusão, como o uso correto de nomes e pronomes, a implementação de banheiros inclusivos e a escuta ativa das vozes trans no ambiente de trabalho.
Algumas grandes empresas, especialmente nos Estados Unidos, estão diminuindo ou encerrando seus programas de diversidade e inclusão, o que pode prejudicar as conquistas da comunidade LGBTQIA+ ao longo dos anos. Porém, ainda existem empresas que continuam lutando para manter a inclusão.
Apesar das dificuldades, Reis acredita que, no futuro, mais pessoas trans ocuparão cargos de liderança, empreenderão seus próprios negócios e se destacarão em diversas áreas. Para que isso aconteça, ele reforça a importância do apoio contínuo das empresas. “Embora tenhamos avançado, ainda há muito trabalho a ser feito”, conclui.
E você, como acha que sua empresa ou outras podem melhorar a inclusão e o apoio às pessoas trans no mercado de trabalho?