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Como a regulação da IA impacta o mercado e a inovação?

Com a proposta de uma normatização do uso de inteligência artificial avançando na Europa, companhias se dividem sobre regulamentação

A inteligência artificial (IA) precisa de regulação? Essa pergunta foi o tema de debate nesta quarta-feira, 30, na edição 2021 do MWC, que reuniu empresas de telecomunicação e entidades do setor. Apesar do questionamento ser o motivador do painel, a resposta para tal dúvida já parece bastante clara para governos e órgãos responsáveis ao redor do mundo. O movimento mais contundente foi o da União Europeia.

Painel discutiu a regulação da inteligência artificial (Crédito: Reprodução)

Em abril, o bloco anunciou um conjunto de propostas para regulamentar o uso de tecnologias de inteligência artificial. De acordo com o texto, a IA não poderia ser utilizada em cenários de “alto risco”, como no uso de reconhecimento facial para vigilância ou em sistemas de pontuação social, que analisam traços físicos e comportamentais. A inciativa faz parte do esforço para definir padrões globais. No entanto, um movimento como esse pode acarretar muitas outras transformações no setor. “A regulação da inteligência artificial está vindo aí. Como se preparar para o inevitável? ”, provocou Francois Candelon, líder global do BCG Henderson Institute e moderador do debate. Uma série de questões rondam o tema. Além de como se preparar para as normas que devem surgir, é preciso entender quais serão os aspectos dessa regulação e como impactará a inovação no setor. Com tantos players globais envolvidos, também é necessário pensar se um padrão global será adotado ou deve-se esperar por normas fragmentadas.

Normas internas
Nesse contexto, no entanto, muitas corporações e entidades já vinham criando seus próprios padrões para desenvolver soluções e trabalhar com IA. Essas normas, inclusive, podem dar o tom do que está por vir com a movimentação dos reguladores. Em 2019, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançou princípios sobre inteligência artificial que foram adotados por seus 38 países membros. A entidade também mantém discussões com o G7, grupo dos países mais industrializados do mundo, e com o G20, que reúne as maiores economias.

Andrew Wyckoff, diretor de ciência, tecnologia e inovação da OCDE, acredita que a classificação da organização vai ajudar com as normatizações. O executivo lista uma série de características que precisam ser levadas em conta, como qual é o tipo de ambiente em que a IA está operando, a origem de entrada e saída dos dados usados, o uso do reconhecimento facial e mesmo que tipo de IA está sendo aplicada. “Que modelos de IA estão sendo usados? Eles são muito diferentes e vão mudar ainda mais à medida que avançamos para a chamada IA híbrida (parcerias cognitivas entre mentes e máquinas)”, aponta.

A espanhola Telefonica também reuniu outras empresas para construir um código de conduta. Richard Benjamins, chief AI & data strategist da Telefonica, divide alguns pontos da metodologia. Benjamins aponta que é preciso estar conectado com os valores e limites da empresa ao desenvolver ou mesmo adquirir tecnologia ou serviço. “Você tem que fazer muito treinamento e conscientização porque a IA está em toda parte, mas há muitos mal-entendidos e confusão sobre o que realmente pode fazer”, destaca o executivo. É preciso haver reflexão constante sobre o impacto do uso de tais sistemas e estar preparado para combater potenciais problemas. “Independentemente de haver um viés no seu algoritmo ou conjunto de dados, você precisar ter ferramentas para combater isso porque não é possível fazer manualmente. Você também precisa de um modelo de governança que atribui funções e responsabilidades caso as coisas deem errado”, afirma o chief AI & data strategist da Telefonica. “Se você faz todas essas coisas, ter regulação é só um passo a mais”, conclui.

A Huawei compartilha dessa máxima. Operando em mais de cem países, a companhia seria uma das mais afetadas por normas fragmentadas, que variam a cada país. Ainda assim, Leo Mikko, chief public affairs e AI expert da Huawei, acredita que isso não será um problema para a empresa. “Diria que a diversidade que uma empresa global tem é um ativo, uma força, e não ameaça. Temos quase 200 mil pessoas trabalhando em todo o mundo, em 170 países. Isso dá uma estimativa muito boa sobre o que está acontecendo em todos os lugares e como resolveremos essa questão”, apontou.

Fonte: m&m

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