Por muito tempo, o setor farmacêutico foi considerado um mercado tradicional e pouco inovador, especialmente quando o assunto era marketing. Características como ousadia e alegria pareciam distantes desse universo, que tradicionalmente prioriza a responsabilidade de cuidar da saúde. No entanto, a Cimed vem mudando esse cenário, mostrando que tradição não impede criatividade e modernidade.
A transformação da Cimed vai muito além de simples aparições. A empresa, conhecida antes principalmente por medicamentos genéricos, se tornou um verdadeiro fenômeno de comunicação. Erich Shibata, diretor criativo da marca, revelou em palestra no CMO Summit, realizado em São Paulo, como a Cimed conquistou essa nova imagem “cool” no mercado farmacêutico.
Com mais de 3 mil participantes, o evento destacou o papel da criatividade alinhada à diversidade, consistência e coragem na construção da marca. Shibata destacou que, mesmo com orçamentos modestos nos primeiros projetos, a aposta na inovação trouxe resultados significativos. “Criatividade não é luxo, é o diferencial competitivo mais acessível”, afirmou, ressaltando que bons resultados geram cada vez mais investimentos.
Um dos grandes motores dessa força está dentro da própria Cimed: a empresa criou a cultura dos chamados “influenciadores de crachá”. São colaboradores que recebem lançamentos antecipados, produzem conteúdo e ajudam a amplificar o alcance da marca de forma orgânica e espontânea. Um exemplo emblemático é o moletom amarelo, que virou símbolo fashion entre funcionários e influenciadores, com até diretores preferindo o moletom a bônus financeiros.
Outro ponto estratégico foi a escolha do amarelo como cor central da identidade visual da empresa. Essa decisão, pouco comum para o setor, transformou-se em um símbolo de alegria e prosperidade que permeia todas as aplicações da marca. A cor não é apenas um detalhe estético: ajuda o consumidor a identificar a Cimed em meio a um mercado competitivo e de produtos genéricos, elevando a percepção de valor e fidelidade.
A diversidade de experiências também foi essencial para o sucesso da Cimed. Shibata, formado em design industrial, trouxe sua vivência de setores como aviação e Embraer, além de ter trabalhado com clientes internacionais. Essa pluralidade de perspectivas ajudou a romper o padrão cinza e tradicional da indústria farmacêutica, trazendo inovação verdadeira ao negócio.
Além disso, a empresa apostou na quebra de silos internos, incorporando profissionais de diferentes setores para ampliar a visão estratégica. Segundo o executivo, essa diversidade de pensamento é o que gera inovação consistente e sustentável.
Por fim, Shibata reforçou que a criatividade deve sempre estar alinhada a resultados financeiros claros. “Design bonito não vende por si só; toda ação precisa gerar retorno para ser válida”, destacou, reafirmando a importância de propósito e direção em todas as iniciativas.
O case da Cimed mostra que tradição não precisa ser um entrave para inovação e modernidade. Com estratégias bem definidas, foco em cultura interna e identidade forte, é possível transformar uma empresa tradicional em uma marca relevante e admirada no mercado atual.