Conectar o universo bilionário e complexo dos games com o das marcas é uma das missões desses profissionais
Um mercado bilionário. Esse é o mercado de games. Segundo dados da consultoria Newzoo, globalmente, essa indústria gerará receitas de US$ 187,7 bilhões ainda este ano e deve chegar US$ 212,4 bilhões em 2026.
Além disso, o número de pessoas que se consideram gamers também segue crescendo. De acordo com dados da consultoria, até 2026, serão 3,79 bilhões de jogadores em todo o mundo. No Brasil, atualmente 70,1% da população afirma jogar algum tipo de game, conforme revela a Pesquisa Game Brasil.
Esse cenário de crescimento acabou gerando cada vez mais o interesse das marcas. Com isso, de três anos para cá – muito impulsionado também pela pandemia de Covid-19 – diversas marcas passaram a investir nesse universo, com ações in e out games.
Logo, compreender esse cenário e saber conectá-lo com seu universo passou a ser crucial para as marcas que queriam, de fato, conquistar essa audiência. Para isso, muitas agências de publicidade tradicionais começaram a contratar especialistas em games ou pessoas com proximidade com a área, para ajudarem a desenvolverem trabalhos para as marcas envolvendo esse universo.
Em março de 2021, Carlos Encalada chegou na GUT Miami exatamente com essa missão. Ele foi contratado como Gaming & Streaming Analyst para fornecer detalhes sobre os games e suas comunidades, assim como para fazer a curadoria de conteúdos de jogos e tendências existentes para serem usados como insights criativos para os clientes endêmicos e não-endêmicos da agência.
“Também analiso o que a comunidade de um jogo específico ou a comunidade de jogos em geral está falando, como estão se comportando em relação a um assunto da moda, e uso essas informações para pular em uma tendência ou evitá-la completamente”, complementa Encalada.
A Havas Group também conta com um profissional especializado em games no seu time. Ele é o Fred Paiva, Head Of Business for Games and E-sports. Já a Cheil Brasil contratou Pedro Derbli, como Head of Gaming, em setembro do ano passado.
Com passagem pela BBL, empresa one-stop-shop especializada em games e eSports, Derbli trouxe sua bagagem em criação e planejamento estratégico para sua nova missão na Cheil, que era conectar as marcas ao universo dos games.
“Nós de gaming aqui temos que ter uma mentalidade analítica. Trabalhamos diretamente com a marca, então conhecemos a estratégia de negócios, mas também temos que ter um trabalho de criação por cima, que acaba com uma proposta criativa”, salienta o Head of Gaming da Cheil Brasil.
Apesar de ter uma trajetória profissional mais voltada para criação e planejamento, Derbli enfatiza que alguém que trabalha no cargo de especialista em games deve ser gamer. “Você precisa ter um histórico de conhecimento, experiência, conhecer as pessoas, e entender as referências dos games”, complementa.
Por que ter um especialista?
Na visão de Derbli, ter um especialista em games dentro da agência é fundamental para ajudar as marcas, que tinham muitas dificuldades de se conectar com esse universo, a fazerem isso de forma mais natural.
“Sempre existe uma forma de conectar, afinal de contas o gamer não é uma pessoa, é um pedaço do tempo das pessoas. O gamer também vai pedir iFood, vai na C&A comprar um casaco. Então, essas marcas sempre vão ter como se conectar com o gamer”, enfatiza o head da Cheil.
Ele também destaca que antes, a ponte entre os estúdios de desenvolvedores dos games e as marcas era complicada, justamente pela falta de um profissional especializado nesse meio de campo.
Encalada concorda com o ponto de Derbli e reforça que é importante ter alguém que entenda essa comunidade como um todo, assim como as comunidades de nicho dentro dela. “As agências se beneficiariam muito tendo um profissional especializado em jogos, streaming e suas respectivas comunidades. Eles podem trazer informações muito úteis não só para toda a agência, mas também para os clientes, pois o cenário dos games é todo um universo repleto de insights, conteúdos e novidades”.
Fonte: M&M